Segue um dos mais magníficos poemas escritos por Gerardo Mello Mourão, reconhecido como o maior poeta do Brasil pelo insuspeito Carlos Drummond de Andrade. O poema foi publicado na revista “Anauê!” e transcrito no volume VII da Enciclopédia do Integralismo, organizada por Gumercindo Dorea (aliás editor e grande amigo de Gerardo) e publicada por sua editora, a GRD, em sociedade com a Livraria Clássica Brasileira, de Plínio Salgado.

A Ronda da Pátria

Gerardo Mello Mourão

Sou o Índio Americano, – o Guaycuru selvagem,
O Goitacaz fogoso.
Sou Y-Juca-Pyrama, – o Aimoré que não morre
Sempre valente e sempre belicoso!

Convoquei cinco mil dos meus Tamoios,
Defendi minha Terra.
Ou Tupi, ou Tapuia, – eu sou Ararigboia
Sei vibrar o boré nas explosões da guerra!

Outrora me chamaram Anchieta
E eu preguei a palavra do Senhor.
Fui santo, fui apóstolo,
E derramei a Crença, a Esperança, o Amor!

Eu andei nas bandeiras do sertão
E palmo a palmo conquistei a Terra!
E lutei… e venci… levei a minha Crença
Desde o altar de campina aos coliseus da serra!

Derramei o meu sangue em Guararapes
E chamei-me Poti.
Tinha o sol tropical a incentivar-me à luta,
Tinha o calor da Terra a aquecer-me, – e venci

Fui herói nas Tabocas… lutei muito…
Eu sou Henrique Dias!…
Vai procurar por mim nos campos do Avaí
Que o meu nome é Caxias!

Chamo-me Osório em Lomas Valentinas.
E o meu nome é Sampaio em Tuiuti!
– Ah! se visses a Pátria levantada e viva
E heróica como eu vi!

Se estivesses comigo em Curuzu…
Se me visses em Peribebuí…
Em Estero Belaco, Estero Rojas,
San Solano, Augustura ou Caraguataí…

Se tivesses ouvido a música divina,
Que eu cantei pela boca do canhão
Nas águas revoltosas de Riachuelo,
Em Paissandu, então!…

Ah!… lá eu fui Tamandaré,
O espírito das águas revoltado!
Fui Barroso e deixei um pouco do meu sangue
Entre as veias da Terra misturado!…

Guerra do Paraguai… eu a ganhei!…
Eu comandei a todas as batalhas…
E tenho o corpo cheio de feridas…
E tenho o peito cheio de medalhas…

Fui músico depois… chamei-me Carlos Gomes
Cantei o Guarani, – a voz da Raça;
Repara: – ainda o som deste poema
Clangora e ruge quando o vento passa…

Meu nome é Castro Alves… fui Poeta…
Há nos meus versos o fragor das lutas…
O baque colossal de Paulo Afonso
E o cheiro americano das florestas brutas.

Dedilhei no violão do sertanejo rude
O fogo das manhãs e as noites de luar…
Fui Juvenal Galeno e o Brasil suspirou
Na minha inspiração de bardo popular!

Chamei-me Floriano e governei meu povo.
Fui Plácido de Castro e fiz-me general,
E conquistei o Acre,
“Transformando em província, o brio nacional!”

Sou o sábio que pensa… o filósofo eterno,
Vôo da Terra em busca do Infinito.
Sonho revoluções… sou Jackson de Figueiredo
E sou Farias Brito!

Ah! eu sempre existi! Fui Rosica em Bauru
E, como Cristo dei meu sangue à minha Raça!
Fui Jayme Guimarães, e fui Spinelli
Nos combates da praça!

Chamei-me Schroeder e tombei no pampa.
Fui Alberto Secchim.
Quis a auréola do mártir e de herói
Em Cachoeiro do Itapemirim…

Hoje visto a Camisa-Verde e sou Plínio Salgado!
Sempre existi e sempre existirei.
Sou o gênio da Pátria, – a eterna Mocidade,
– E nunca morrerei!

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