Aleksandr Dugin - ideólogo do movimento eurasiano e autor de A Quarta Teoria Política e da Teoria do Mundo Multipolar.

“Programa é um projeto ou resolução daquilo que se pretende fazer em um tempo determinado. Doutrina é um conjunto de princípios filosóficos, morais e científicos no qual se baseia um sistema político por tempo indeterminado. Uma doutrina dá origem a incalculável número de programas. Um programa não produz nenhuma doutrina.” – Gustavo Barroso

Para se dar um passo adiante em uma posição política, é preciso a demonstração de que a ideia geral da teoria anterior falhou. E resta claro que a doutrina de Terceira Posição Política não falhou e nem foi superada, como demonstraremos.

Antes, é importante frisar que as raízes da Terceira Posição Política brasileira nos remetem diretamente a Alberto Torres que, no início do século XX, já pugnava por uma “terceira fórmula de justiça”, buscando a unidade nacional e um mito civilizacional brasileiro.

Portanto, antes mesmo do italiano Gabrielle d’Annunzio declarar Fiume um Estado independente – a Regência Italiana de Carnaro -, em 1919, e da ascensão ao poder pelos fascistas, em 1922, terem projeção internacional, no Brasil já se discutia uma alternativa ao liberalismo e ao marxismo.

Lastreado em Alberto Torres, em Oliveira Vianna e em outros pensadores brasileiros, bem como na encíclica papal Rerum Novarum e, ainda, no espírito nacionalista que permeava a Europa naquele tempo, Plínio Salgado cria no Brasil, em 1932, a Acção Integralista Brasileira (AIB), como uma autêntica e completa Terceira Posição Política, em busca da identidade nacional, do mito brasileiro, com uma militância própria e disciplinada, contra a ameaça comunista, a inércia do liberalismo e em franca oposição ao supercapital, que, como já demonstrado aqui na página diversas vezes, controlava (e controla) as duas primeiras posições políticas.

Com uma projeção estratosférica por todo o país, juntando o que havia de melhor na intelectualidade brasileira, com trabalhos sociais, postos médicos, escolas públicas etc, o Integralismo foi ganhando cada vez mais adesão e se tornando uma realidade. Logo, chegaria ao poder, pelo voto. Entretanto, Getúlio Vargas, em 1937, saiu vitorioso com seu Estado Novo e o resto é história …

Já na Europa, em 1939, deu-se início a Segunda Grande Guerra e, com a derrota dos “fascismos” e a vitória dos Aliados (aliança entre comunistas e liberais), logo se iniciou uma campanha militar/midiática/financeira contra todo e qualquer movimento que, ainda que minimamente, lembrasse os “fascismos” europeus, pois estes eram os inimigos daquela Nova Ordem Mundial que estava surgindo.

Após a guerra, a exposição constante dos excessos de retórica, geopolíticos, estéticos e dos crimes praticados pelos “fascismos” europeus (que, é bom frisar, não foram mais graves do que os praticados pelos vencedores), favoreceram a narrativa da Nova Ordem Mundial nascente, qual seja: o que não é comunismo e liberalismo é “mau” e deve ser destruído (que paradoxo, não?).

E, até os presentes dias, é essa a ordem que impera no mundo, assentada pelo supercapital e seus asseclas, com as constantes perseguições à Terceira Posição Política que, em nenhum lugar do mundo, falhou doutrinariamente, mas foi destruída pela força.

No Brasil, não foi diferente. O Integralismo não falhou, suas ideias não falharam, pelo contrário, de um modo geral, ainda estão extremamente atuais e válidas, mas foram perseguidas e constantemente difamadas, principalmente pela rotineira associação aos “malvados fascistas” europeus, ainda que o Integralismo tenha sido feito e pensado exclusivamente para o Brasil e suas realidades como Povo e Nação, se diferenciando, pelas peculiaridades nacionais, dos “fascismos” europeus.

Assim, hoje, você pode defender qualquer opinião ou posição política, por mais estapafúrdia que seja, mas não pode defender um legítimo movimento nacionalista nascido neste solo, o Integralismo, que logo aparecem os cães de guarda do sistema para lhe fazer oposição, movendo “mundos e fundos” para essa finalidade.

E é nesse cenário que entra a tal “quarta teoria política”, falando a língua do sistema, negando o nacionalismo e, ao mesmo tempo, se valendo de seus pensadores; por outro lado, apresentam propostas de uma soberania nacional relativa, superação do nacionalismo, nacional-bolchevismo (?), russofilia – a ponto de admirarem a criminosa União Soviética. Nessa confusão ideológica, a auto-denominada “quarta teoria política” culpa, exclusivamente, os EUA e o seu liberalismo por todos os males do atual estado de decadência em que o mundo se encontra, ignorando, relativizando e até advogando pelo marxismo, que é outro braço do atual sistema. Ao assim agirem, os pensadores de tal teoria servem apenas de protetores e mantenedores do atual status quo, que nada mais é do que um híbrido liberal/marxista.

Fazendo coro com o sistema e com todos os chacais que latem atrás dele, alguns dos denominados de “quarta teoria política” chegam ao absurdo de tecerem críticas ao nacionalismo com os mesmos dizeres que o sistema e a pior esquerda utiliza, como “racistas”, “neonazis”, “totalitários”, “fascistas” (no sentido mais caricato que a newleft emprega), e, apesar disso, de forma bem contraditória, invocam para si que são “dissidentes”.

Na prática, se imiscuem com toda horda pós-moderna, defendem um político instável e progressista como Ciro Gomes, comemoram a vitória do Partido Comunista na Rússia etc, e, ainda, rotineiramente perdem tempo vindo aqui na página com sua verborragia claramente marxista e infantil, enquanto nenhum de nós perde tempo nas páginas dos defensores de tamanha salada-mista ideológica.

Neste momento, retomamos a ideia da citação de Gustavo Barroso que introduziu a presente postagem e afirmamos: o Nacionalismo de Terceira Posição não é um programa, É UMA DOUTRINA! Uma doutrina capaz de criar diversos programas adaptáveis ao tempo e às novas realidades. Qualquer boa ideia, venha de onde vier, é cabível nesta doutrina, e é daí que advém a total desnecessidade de uma outra posição política além dela.

Por fim, é importante destacar que, embora acabe por servir como mais um dos mantenedores da caótica situação atual, a dita – suposta e desnecessária – “quarta teoria política” possui algumas pessoas bem intencionadas e que estão desejosos de mudança e é a estas que nos direcionamos e dizemos: só há um caminho oposto a este mundo moderno estampado em nossas faces: O NACIONALISMO COMO UMA TERCEIRA ALTERNATIVA POLÍTICA. Qualquer outra variação significa, ainda que involuntariamente, apoiar a Nova Ordem Mundial emergida das ruínas da civilização humana.

por Associação Civica e Cultural Arcy Lopes Estrella – ACCALE

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