O texto a seguir é uma pequena reflexão do então Cap. Olympio Mourão Filho dirigida aos membros da A.I.B., tendo sido publicada originalmente na revista “Anauê!”, no ano de 1935. Os problemas observados àquela época são os mesmos que se observam hoje nas agremiações de todo tipo, nos partidos políticos e nos diversos grupelhos que surgem e rapidamente sucumbem ou se tornam inertes pela vaidade de poucos. Observar e também evitar as más condutas dentro de nossa organização é responsabilidade de todos os membros da Frente Integralista Brasileira.

I

O integralismo e os cargos

1 — No Integralismo não é admissível que os cargos deem brilho aos indivíduos; estes, ao contrário, devem dar brilho aos cargos.

Desde o momento em que o Integralista sinta que não mais pode desempenhar, com prestigio, um cargo, deve, por si mesmo, deixa-lo. Se souber de outrem, em condições de substituí-lo com vantagem, é dever indicar o mesmo aos chefes, a título de sugestão ou proposta.

2 — Aspirar a uma posição por vaidade, para ter ocasião de se exibir, é triste; conservar uma posição, sentindo que lhe falta terreno para mantê-la a contento do serviço, é doloroso e prejudicial.

3 — É índice certo de revolução interior, saber-se o momento oportuno de deixar uma posição, sem ressentimentos, sem orgulhos feridos, sem exibicionismo.

4 — Recusar cargo por falsa modéstia é exibicionismo; recusar, por temor á responsabilidade, é covardia.

5 — Aspirar a postos com a ambição de prestar serviços é nobre; todavia, é muito difícil separar a ambição nobre do impulso de vaidade.

6 — A autocritica serena e segura é processo de revolução interior.

7 — Integralista, exercita a auto critica: Nosce te ipsum!

II

O Integralismo, a modéstia, a mentira e a intriga

1 — A modéstia é virtude fundamental do Integralista.

Por maior que seja o serviço prestado, nunca deve ser alegado; jamais poderia ser gabado pelo autor: é ridículo e denuncia propósitos imediatos.

2 — Antes suportar calado a injustiça do silencio ou da atribuição a outrem de serviços prestados, do que alegar os mesmos, reclamar sua paternidade.

3 — Nesta causa servimos a Deus e Ele não se confunde jamais: as injustiças dos homens não podem ser julgadas pelos homens; só Deus as julgará, ou melhor, já as julgou desde toda a eternidade…

4 — Integralista! Trabalha, presta serviços, desdobra-te, sacrifica-te, sacrifica aos teus pela causa, porém, cala a boca. Silencia!

Se teus chefes não percebem teus esforços, desde que eles sejam reais, é que já não são chefes: em breve o movimento passará por sobre eles.

5 — Gabar o próprio serviço é ridículo; exagerá-lo para se fazer credor de estima, denota imediatismo e fraqueza de caráter.

6 — Mentir, fantasiar prestação de serviços… Integralista, antes de cometeres tal miséria, despe tua camisa verde e corre para um dos 160 partidos [*] que existem por aí; estás errando tua vocação de salafrário liberal e solerte.

7 — A intriga! Oh! A intriga e a difamação!

Aquele que não as repele com energia, é cúmplice, não é mais integralista.

8 — Se deixarmos que estas duas megeras se instalem em nosso movimento, dentro em breve não teremos um único chefe honesto, um único oficial competente, nem um só miliciano corajoso…

9 — Fulano roubou, Sicrano tem vida irregular, Beltrano correu no combate… Não, Integralista. Sabes se Fulano rouba? Conheces a vida irregular de Sicrano? Viste Beltrano correr no tiroteio? Procura teu chefe e denuncia-o com toda a franqueza e lealdade. Se não procedes assim, não és integralista, és covarde, fariseu!

 

Olympio Mourão Filho
Integralista, o General Olympio Mourão Filho (1900-1972) foi o único brasileiro a participar ativamente na frustração de dois golpes comunistas contra o Brasil. Em 1935, então Capitão do Exército, teve decisivo papel na aniquilação da chamada “Intentona Comunista”. Anos depois, em 1964, agora General do Exercito, ordenou que as tropas da IV Região Militar ocupassem a cidade do Rio de Janeiro, antiga capital da República, episódio que desencadeou a Revolução de 31 de Março de 1964 e mais uma vez frustrou os planos comunistas, que pretendiam rebaixar o Brasil à condição de satélite da extinta URSS.

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