Passamos por um período difícil, no qual somos postos à prova quanto a nossa determinação. O povo brasileiro é sofrido, cabisbaixo e desesperançoso, pois todas as suas atitudes políticas, na prática, de nada servem. Não servem, vale frisar, porque toda gênese de nossa nacionalidade é inerentemente oposta e incompatível com todo o sistema político que fora estabelecido, sobretudo porque as bases da atual conjectura política não são assentadas numa verdadeira representatividade, tornando os assuntos públicos em interesses privados, ideológicos e alheios ao bem comum.
A Democracia Liberal mostra, em sua prática, que não funciona, nem obra bons resultados, nem sequer é satisfatória. As pessoas vivem ante a política, com se fossem sujeitos sem moral, sem relevância ou valores. Pergunte a qualquer brasileiro se este se identifica com a classe politica “democraticamente” eleita que preenche os nossos púlpitos públicos; tenho a certeza que a imensa maioria dir-lhe-á que não – e não estarão mentindo.
Se nós, integralistas, erguemos a bandeira do Sigma e professamos firmemente nossos princípios, há dentre os ignorantes quem diga: “eis os antidemocráticos, eis os fascistas”, e com seus discursos vazios acusam-nos das maiores atrocidades e de termos políticos de má reputação. Enquanto isso, no cenário político brasileiro, esquerda e direita brigam, numa disputa teórica e ideológica pela atenção das pessoas. Mas a realidade continua aí: pessoas em certos rincões do país sem ter o que comer e precisando se submeter a humilhações; com as crianças recebendo uma má educação e saindo formadas das escolas sem absorver quase nada do que intentaram aprender; os gestores públicos ignoram suas funções pelo bem-comum e aproveitam de seus cargos para agir de forma corrupta, roubando o dinheiro do povo que fora conquistado com muito suor e sangue; e nada do que esquerda e direita discutem traz algum resultado. Entra governo e sai governo e a situação das pessoas é a mesma: sempre degradante e humilhante – cada vez mais a política, que deveria ser alívio, torna-se, para o povo, uma desgraça insondável.
Não bastasse isso, especialmente nas eleições municipais, candidatos prometem mudanças, deixando o povo esperançoso, mas depois sem piedade alguma os atira na desilusão e não cumprem nada do que prometeram. E o povo continua sendo obrigado, de tempos em tempos, a ir às urnas depositar seu voto; voto, este, que se tornou piada dentre os próprios eleitores.
Muitos alardeiam tão orgulhosamente o “sufrágio universal”; falam de conquistas de direitos nesse sentido, devotando-se a esse instituto da Democracia Liberal, que nada mais é do que o voto pulverizado, individualista e inócuo. Todavia enquanto estão os burgueses soberbamente louvando tal recurso, o povo, que é quem de fato o torna decisivo, menospreza-o e o enxerga como inútil.
Portanto, faço a sincera pergunta: é isso a que chamam de democracia? Este é o bem tão precioso que dizem querer proteger? Bem, se chamam a completa desconfiança popular de democracia, a isto prefiro chamar de ditadura da mentira.
Cada vez mais fica mais evidente que a única alternativa democrática condizente com a realidade nacional e com o anseio popular é o Integralismo, com sua Democracia Orgânica.
Hoje, os políticos estão distantes do povo. Mesmo que façam comícios, que saiam abraçando eleitores na rua, apertando suas mãos, vomitando mentiras dentro de seus ouvidos, isto é, mesmo que tenham proximidade física – a íntima que seja –, ainda assim, são protegidos pela indiferença completa na ação política.
Um prefeito elege-se pelo voto do povo em geral, povo, este, que possui grupos que o formam; estes grupos possuem anseios peculiares, necessidades pessoalíssimas, características próprias e interesses específicos que merecem total atenção e atendimento. O político eleito governa para os indivíduos em geral, atomizados nas disputas partidárias, sem atentar-se a essas diferenças, e tudo aquilo que o povo quer não é atendido. Então o político finge que governa e o povo continua com as mesmas precisões. Vem governo e vai governo e a política continua inerte, num estado de absoluto retrocesso.
Ainda mais aqueles que se dizem pragmáticos, céticos, verdadeiros críticos políticos, colocam a Democracia Liberal num status de sacralidade em que tudo que for proposto deve se desenvolver somente a partir dela e de seus pressupostos individualistas. Que esforços eu teria de fazer para provar que estão errados, se a própria realidade está aí, tão cristalina, tão transparente e tão óbvia? Ora, a alma da democracia é o anseio popular, e todo o povo mostra-se descontente com a atual situação política nacional. O fato mais pragmático quanto à Democracia Liberal é que ela notadamente não é pragmática.
Por que temos de aceitar essas premissas liberais? Cada tempo que passa a situação piora e mais ainda terrível é o panorama que se desdobra diante do homem comum que se esforça para ver uma luz no fim do túnel. Por que diabos a atitude de buscar uma maturidade política deve estar subordinada a preceitos cujos resultados são notadamente e abertamente catastróficos? A impressão que tenho é que as pessoas fecharam um contrato de ignorância, puseram uma venda em seus próprios olhos e hoje clamam a cegos para lhes guiar.
Por que escutar os interesses de uma classe que possui absoluto ódio por tudo aquilo que é popular, que odeia a nossa religião, nossa moral, nossos costumes, nossa história, que odeia tudo aquilo que diz respeito ao Brasil e que torna este dissociável soberano ante qualquer nação? Classe, esta, que é a grande porcentagem dos políticos eleitos.
Agora discute-se a aprovação do aborto, depois discute-se liberação de drogas, depois discute-se a proibição total das armas, e então discute-se que a família não tenha mais autoridade por seus filhos e por sua propriedade; e depois que forem relativizados todos os valores mais essenciais, mais honrosos, inerentes a nós como condição de ser imagem e semelhança de Deus, que nos restará? Haverá algo minimamente digno que não será posto em risco pelos postulados do sufrágio universal?
As pessoas, seguindo a ideia de liberdade acima de tudo – maldita mácula de nosso tempo, que coloca um meio [a liberdade] como um fim em si mesmo – não percebem que isso só as leva à morte e dá poder ao Estado de usá-las como produto. E há de se dizer que o povo brasileiro não é produto! Nosso povo não é rato de laboratório, não é objeto de experiência alienígena alguma! Nosso povo não é gado criado apenas para trabalhar para um dono e depois ser morto para alimentá-lo; cada um, não importa qual seja, ou em que situação esteja, o que faz da vida, com que trabalha, sua classe econômica, sua etnia, ou o que quer que for, é imagem e semelhança de Deus e deve, portanto, ser tratado como tal – e isto não implica dizer que devam ser isentados de seus deveres ou de prestações diante da justiça. Deve-se entender o homem como de fato o é. Ser imagem e semelhança de Deus é uma afirmação de que tal sujeito possui direitos que devem preservar sua moral como pessoa humana, mas também possui deveres de fazer com que todos os outros possuam o mesmo tratamento e não sejam, por ele, violados.
Por isso é impossível tratar de um homem sem atentar-se aos homens em geral. É impossível falar de indivíduo, como os liberais concebem, entendido como um ente a parte. Qualquer ato obrado por um sujeito refletirá em maior ou menor escala nos demais. É absurdo, sabendo que o mundo e o tempo são um conjunto de ações e reações, conceber que um homem possa fazer algo sem que isso atinja os demais, ou que se possa tratá-lo ou estudá-lo de forma particular sem observar todas as características universais, isto é, presentes em todos os homens.
Não só isto superposto, também é importante ressaltar que os homens formam naturalmente grupos, frutos de sua natural sociabilidade. Os homens que exercem semelhantes ofícios, por exemplo, são unidos por seus interesses – e esses interesses que os unem são a fonte de seu sustento e das suas necessidades mais imediatas; são nesses interesses que a Democracia deve se basear e são eles que esta deve acatar!
Tais complexidades acima tratadas não encontram satisfação na Democracia Liberal. Os interesses em que este nefasto sistema se baseia são os partidários, ideológicos, demagógicos – que nada têm a ver com o que realmente anseiam os homens.
Quanto mais tempo deixarão o povo passar por esse sádico efeito sanfona, de enchê-lo de esperança e depois o atirar na desilusão melancólica? Uma mudança é necessária, e tal mudança deve ser profunda e abarcadora; deve ser institucionalmente completa e universal; deve ser uma verdadeira Revolução, desenvolvida dentro e a partir das nossas realidades; e essa Revolução não é outra, senão a integralista.
Tratemos, pois, de nos livrar da Democracia Liberal – a ditadura da mentira – e abracemos a Democracia Orgânica, a única capaz de dar ao nosso povo a representatividade [através do reconhecimento do Corporativismo] e a participação [através do voto] que lhes são devidas e necessárias.
Jonas de Mesquita
Rio Grande do Norte
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